sábado, junho 30, 2001

Eu não entendo todo este incentivo à maternidade. Certo, ser mãe deve ser uma coisa incrível, gerar uma nova vida, transmutar o amor de duas pessoas em algo concreto. Lindo, de morrer. O problema é que a poesia se vai, mas as crianças continuam. É como diz o Mário Prata... “Filho é bom, mas dura muito.”
E eu vejo as propagandas da prefeitura... Pré-natal, cuidados com a criança, assistência ao lactente, desnutrido e blá, blá, blá... Em primeiro lugar, eu conheço o pré-natal municipal. É muito difícil de marcar e as mães chegam nas maternidades para conceber com 2 ou 3 consultas de pré-natal, quando o desejável são 8. Isto sem discutir outras questões como exames, orientações e ultrasons...
E onde está o bem dito planejamento familiar? Eu só conheço um meio de engravidar, embora se conheça vários outros de como não faze-lo. E esse bando de crianças grávidas? E as doenças sexualmente transmissíveis? E no estado atual do conhecimento, não dá mais para dizer: “Deus dá, Deus cria”. Sabemos perfeitamente que não é Deus quem dá. Sexo é muito bom, mas deve ser feito com responsabilidade. E não adianta padre e pastores falarem contra. Eles vão botar arroz no prato depois?
Muita gente vê na maternidade a realização da mulher. É válido. Mas será que esta herança patriarcal não leva em consideração que há outras formas de realização? Não seria melhor planejar e esperar pelo momento mais oportuno para ter filhos. Não seria melhor ter uma prole com tamanho adequado ao orçamento e as possibilidades biopsicosociais de cada casa? Isso sem esquecer que alguém tem que criar, educar e zelar pela saúde e bem-estar dos pequeninos. Será que o estado dá conta de todo mundo? (Isso eu não vou responder... mas é necessário mais do que ter um estatuto...) Eu não consigo entender essa tal realização de pôr gente no mundo e vê-la passando fome, no mínimo.

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