Dos meus visitantes contumazes, minha angustia é das mais antigas e assíduas. Como velha senhora, vem sempre em intervalos irregulares e não anunciados. senta-se a mesa para um pouco de chá e uma conversa franca. Como boa tia velha, me lembra da minha juventude, das expectativas e promessas. E meio britanicamente, me olha nos olhos e pergunta como vão as coisas. Sorrio amarelo e conto meia dúzia de mentiras descaras, tergiverso sobre a complexidade do mundo, da arduidade e tortuosidade do caminho do justo e como as coisas irão mudar. Ela sorri um sorriso gentil e insincero , enquanto repara nas rugas e nos cabelos brancos. Sempre haverá uma nova chance- retorque com certo cinismo. Ela vê através das minhas mentiras melhor do que eu mesmo.
E então ela se despede e se vai. Até a próxima visita. Sem data, mas inexorável.
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