Hoje eu estou com vontade de falar nos anestésicos locais.
Durante séculos os povos andinos mascavam folhas de coca devido às altas concentrações de cocaína, um álcali com efeitos estimulantes e euforizantes. Aí então surgem os europeus e isolam a substância da folha de coca. Na falta total do que fazer, começaram a usar o produto com fins “recreativos”.(Mais ou menos como a turma usa rapé, hoje em dia...) Alguém então reparou que ao provar a substância a língua ficava meio “entorpecida”. Koller em 1884, iniciou o uso de cocaína em cirurgia oftalmológica. Um tal Halstead popularizou seu uso nas infiltrações e bloqueios.
A cocaína bloqueia a condução nervosa através do bloqueio dos canais de sódio. A cocaína também tem outros efeitos (estes bem mais populares...) que agem através do bloqueio do transporte da dopamina, o que causa a euforia, o bem-estar e mantém o usuário alerta. Entretanto (no uso como anestésico pelo menos) a cocaína tem muitos efeitos tóxicos e causa dependência. Foram então desenvolvida a procaína, lidocaína, bupivacaína e a tetracaína, todas com atividade anestésica, alguma toxicidade, mas que não dão barato nem viciam.
Um fato interessante é a diferente sensibilidade das fibras nervosas ao anestésico. O tato não é apenas um sentido, mas um conjunto de sensações distintas como dor, temperatura, pressões, tato grosseiro, tato epicrítico (ou fino) e outros menos importantes. Como as fibras mais finas são mais sensíveis, bloqueiam-se as sensações dolorosas e térmicas, deixando intactas as demais. Isto leva a agradabilíssima sensação de perceber pinças, bisturis, tesouras e agulhas trabalhando, mas sem a menor sensação de dor.
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