quarta-feira, maio 30, 2001

Hoje eu estou com vontade de falar nos anestésicos locais.


Durante séculos os povos andinos mascavam folhas de coca devido às altas concentrações de cocaína, um álcali com efeitos estimulantes e euforizantes. Aí então surgem os europeus e isolam a substância da folha de coca. Na falta total do que fazer, começaram a usar o produto com fins “recreativos”.(Mais ou menos como a turma usa rapé, hoje em dia...) Alguém então reparou que ao provar a substância a língua ficava meio “entorpecida”. Koller em 1884, iniciou o uso de cocaína em cirurgia oftalmológica. Um tal Halstead popularizou seu uso nas infiltrações e bloqueios.
A cocaína bloqueia a condução nervosa através do bloqueio dos canais de sódio. A cocaína também tem outros efeitos (estes bem mais populares...) que agem através do bloqueio do transporte da dopamina, o que causa a euforia, o bem-estar e mantém o usuário alerta. Entretanto (no uso como anestésico pelo menos) a cocaína tem muitos efeitos tóxicos e causa dependência. Foram então desenvolvida a procaína, lidocaína, bupivacaína e a tetracaína, todas com atividade anestésica, alguma toxicidade, mas que não dão barato nem viciam.
Um fato interessante é a diferente sensibilidade das fibras nervosas ao anestésico. O tato não é apenas um sentido, mas um conjunto de sensações distintas como dor, temperatura, pressões, tato grosseiro, tato epicrítico (ou fino) e outros menos importantes. Como as fibras mais finas são mais sensíveis, bloqueiam-se as sensações dolorosas e térmicas, deixando intactas as demais. Isto leva a agradabilíssima sensação de perceber pinças, bisturis, tesouras e agulhas trabalhando, mas sem a menor sensação de dor.

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