Certo dia, em uma praia qualquer, após violenta ressaca, um senhor passeia e faz conjecturas. Conjecturas inespecíficas, já que ele já era um senhor e em sua vida já tivera que lutar muito por seu futuro, por seu conforto. O fato é que o futuro havia chegado e era hora de se abster do mundo e da luta. Mas ia passeando e vendo que apesar de deserta, a praia estava cheia de estrelas do mar que o inclemente e indiferente mar arremessara para fora durante a noite. Mas não era só. Viu também um meninote, desses de bermuda encardida e desbotada, sozinho a devolver as estrelas do mar de volta ao necessário mar. Como estava meio carente de assunto, conjeturou sobre o assunto enquanto caminhava em direção ao menino. Viu quantas estrelinhas tinha em uma área predeterminada de areia, calculou a velocidade de devolução das mesmas, avaliou a extensão da praia, estipulou um número total das criaturas marinhas e o tempo total de trabalho e com seu douto saber proferiu sua sentença. Chegou até a consultar os seus conhecimentos de ecologia. Tempo demais. O mar simplesmente não sentiria a menor falta daquelas criaturinhas que emporcalhavam a areia enquanto morriam. Seu raciocínio lógico era perfeito. E então debochou do menino com toda sua superioridade, aquela que não nos deixa ficar calados:
-- O meu filho... Você ainda não viu a quantidade de estrelas que tem na praia não? Mesmo que você passasse o dia inteiro aí, você não faria a menor diferença!
O menino olhou meio sem entender aquele velho que nunca tinha visto e retrucou:
-- Olha. para essa estrelinha aqui, eu faço muita diferença.
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