sexta-feira, dezembro 07, 2001

Brustolini é minha dupla de rural e desventuras em PL. Misteriosamente, ou pelo estranhíssimo senso de humor do Homem ele é exatamente o meu oposto. Sociável, jovial, brincalhão e meio moleque, enquanto eu pareço ser sério, ranzinza e anti-social. Mas por mais estranho que pareça, as coisas até funcionam.
Certo é que temos que ministrar um curso para adolescentes do Bairro da Lua sobre sexo. Quando fomos lá a primeira vez fomos recebidos na porta por umas meninas que gritavam "Ai que calor" "Gostoso" e similares. E eu pensando: Como é que eu vou falar de sexo com esse povo?
No primeiro encontro as coisas foram até muito tranquilas, apesar da resistência natural da idade e do abandono de uns 8 estudantes. Terminamos com uma folga de 40 minuto e não sabiamos o que fazer. Brustolini vai pra frente da turma e começa a discorrer sobre as dificuldades da adolescência, sobre ficar, da dificuldade em lidar com nosso corpo e nossos sentimentose e essa ladainha toda, afinal ele tem uma irmã na fase crítica. Apesar de me entediar, os alunos pareciam estar acompanhando atentamente o que ele estava discorrendo. Aí ele solta a frase do nada: "É como eu sempre digo: Vão-se as palavras fica o sentimento."
A única explicação que eu tenho é que tinha uma turminha puxando fumo pelas redondezas e a maré que entrava pela janela, acabou fazendo a cabeça do cabra.

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