quarta-feira, setembro 09, 2009

Memória. O elo de eu entre ontem e hoje. A garantia de ir para a cama uma pessoa e acordar a continuidade dela. Lembrar não é apenas isto, mas reviver. Dizem que o tal inconciente não sabe distinguir o tempo...
Mas a danada, sendo uma característica humana, está longe de infalível. Todos nós, se pressionados por quaisquer circuntâncias, completamos as lacunas com uma boa dose de imaginação. Há de se proteger a integridade do ego... Não estamos concientemente floreando, estamos apenas dando uma sequência razoável à nossa interpretação dos fatos. Mentimos, mas mentimos com sinceridade.
Alguém uma vez disse que o tempo adoça as lembranças. É a mais pura verdade. Nas palavras de Drummond:

Memória

"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."

E afinal o que é melhor? A dura realidade sem maquiagem ou uma séries de lembranças mais ou menos verídicas de um passado já ido e cheio de significados? O bom tem de ser verdadeiro, mas ele também tem de ser útil.

terça-feira, agosto 04, 2009

O supermercado ainda é pára mim, o misantropólogo amador, fonte profícua de observações e eventos curiosos. O supermercado, cumprindo sua função provedora de viveres, obriga boa parte de nossos companheiros de viagem para fora de suas tocas enquanto os mantém em relativo anonimato, deixando os à vontade para proceder como bem entenderem, imaginando-se seguros do percrutíneo e da críticas alheias. Ledo e proveitoso engano...
Dos espaços públicos, o supermercado é dos mais universais, embora restrições socioeconômicas imponham grandes perasá amostragem. Ele nos oferece o contato com pessoas que jamais teriamos chance de travar qualquer tipo de contato social e em um contexto singular por ser uma atividade cotidiana. Nada de verdades seculares, apenas o dia a dia, a verdade das pequenas coisas....
Enfim... Estava eu cumprindo minha obrigações rotineiras, quando ao longe avisto certo contemporâneo dos tempos de faculdade. Está acompanhado de uma mulher que julgo ser sua esposa e travam caloroso debate em frente a banca das verduras. Enquanto tento eleger algumas batatas vou me inteirando da discussão. Ela diz: " Acho que este deve ser espinafre!" enquanto brandia um pacote de agrião. Ele calado, ar confuso, procurava auxílio de alguém da loja.
Estupefato, eu fico imaginando para onde caminhamos... Não quero meus filhos achando que laranjas surgem ensacadas, que pêssegos nascem em latas e que a fazenda é um lugar onde as pessoas vão para relaxar no fim de semana.

domingo, julho 12, 2009

Diz o senso comum que periodicamente deve-se parar, ainda que um breve momento, olhar para trás e reavaliar o caminho traçado até então. Se você tiver o mínimo de percepção, franqueza o suficiente consigo mesmo e oportunidade de mudança a experiência pode ser gratificante, se não transcendente.
Estes dias ando reavaliando o curso de meus passos. Não há dúvida que por vezes temos de fazer o necessário, e isto por vezes nos distancia do desejável. Cuidado ao cumprir obrigações, elas podem leva-lo para muito longe de onde você gostaria de estar. Mas não cumpri-las pode imobilizar-lhe as pernas. Daí a importância de parar e vislumbrar o caminho feito e à cumprir.
Hoje com boa parte de minhas obrigações cumpridas me vejo na obrigação de retomar coisas importantes a muito abandonadas. Hora de acalmar a besta furiosa e deixar de novo o homem florescer.