segunda-feira, abril 25, 2005

A medida que o tempo passa vou vendo como aprendi lições importantes no exército. Profissionalmente foi um fracasso, mas nas demais possibilidades foi bem proveitoso.
Há por exemplo a grande lição da marcha e do campo. Além do básico, tudo mundo pode levar o que bem entender. Desde que carregue. Fiz apenas uma pequena marcha de 6km. Oficiais tem algumas regalias... E carregar uma mochila pesada é o pior da marcha. Fico aqui tentando imaginar uma marcha da infantaria, 24km, equipamento completo...
Essa lição nos leva a um corolário, leve só o estritamente necessário. Ninguém se importa de levar 300g a mais de agasalho para uma noite gelada no meio do mato. Em termos materiais, nisto eu sempre fui muito bom. Minha dificuldade é transcender a lição. Tenho coisas que carrego comigo, não me tem mais serventia, mas que simplesmente não consigo abandonar na poeira do caminho.

domingo, abril 24, 2005

Ah o declaração para o imposto de renda... Para variar não sei se fico alegre ou triste. E explico! Invariavelmente, sou restituído. Não sei se me alegra o fato de receber um dinheiroque eu não contava, ou triste pelo fato do estado me cobrar tanto, que chega ficar constrangido e me devolve uma parte.
Funcionário público é isso aí... Desconto direto na fonte sem direito a choro. Não tenho nem a opção de sonegar... Tá vendo esse estadão aí, funcionando lento, gigantesco e falido? Pois é, sou eu que sustento... Nada mal para quem anula sistematicamente o voto.
Acho que descobri porque a tal classe média adora cockers... É tudo um processo de identificação. Eles são festivos, alegres, sociáveis, fofos e absolutamente estúpidos. E não fazem perguntas relevantes!

quarta-feira, abril 20, 2005

É. Sempre ouvi falar que depois de um dia, vem outro dia. E depois mais outro, mais outro e assim por diante. Só não me dizem o que vem no fim destes dias. E não me entendam como inquieto com as últimas incertezas, falo das coisinhas mais corriqueiras, não da viagem final.
o tempo tem se tornado paradoxal para mim. O dia voa, a semana se arrasta e quando assusto lá se foi o mês...
Mas como o tempo é apenas uma ilusão de uma espécie que preferiu viajar em direção ao caos...

domingo, abril 17, 2005

Digitando deste mesmo ponto de vista, pelo sobreolho vi esgueirar-se corredor afora e ao redor, um pequeno vulto. Não tornei o caso nenhuma emergência. Estou cansado de saber que não só eu assombro meus calabouços. Checagem sumaria e de volta as atividades habituais. Nada anormal. Mas o fato se repetiu e aquela luzinha amarela do inabitual acendeu. Divido de longa data meus domínios, ainda que algum incômodo e prejuízo próprio, com algum vertebrados inferiores. Suponho que até sustento alguns... Mas não parecia o caso. Parecia algo mais acima na escala evolutiva. Intensifico a busca. Só pode estar se escondendo na máquina de lavar, já que não suportaria as agruras de morar num forno... Após os estresses habituais, vejo meus hóspede correndo pela área afora, apavorido. Um rato. Aquela miudeza inofensiva, e nada higiênica, correndo, justamente, pela sua vida. Mas ainda não foi desta feita. Me recuso a matar qualquer coisa que não me ameaça diretamente. Prefiro a ineficaz e trabalhosa reeducação. Passada a comoção, ele retorna para as profundezas de seu reino, a máquina de lavar roupa.
Investigações posteriores revelam que nosso pequeno invasor anda se fartando de ração para cachorro. Quem diria, meus mastim matador de gambás agora tem um sócio!

quarta-feira, abril 13, 2005

Em algum lugar da bíblia conta a história de Abraão e Isaque. Abraão já ia lá pelas tantas, com seus 75 anos e nada de filhos. Sara sua esposa, com seus 65 anos, era estéril. Então Deus prometeu a eles um filho, passaram-se então mais 10 anos e foi cumprida a promessa, nascendo Isaque. Um belo dia então Deus exige de Abraão sacrificar em holocausto seu filho. Esse Deus do velho testamento era fogo! E Abraão acatou... Criança no altar, faca na mão e tudo pronto. Eis que um anjo impede o ato... e ainda aparece um bode expiatório! Bom, um carneiro na verdade...
Fico aqui imaginando como é matar um sonho com as próprias mãos. Pena que não há muitos anjos para nos impedir e dizer que apenas uma pegadinha...
Ah memória... Sempre me traindo... Se desfaz das coisas que eu preciso e me azucrina com as que deverias desprezar.
Mas hoje não, aprendi minha lição. Bani meu fardo antes que ele se marcasse em mim. Agora só através da divinação, dom -que eu saiba- que não possuo.

terça-feira, abril 12, 2005

Já não posso reclamar que eu não tenho nenhum talento especial, algo que eu realmente sei fazer bem.

Devo confessar que eu sou realmente bom em desaparecer.

domingo, abril 10, 2005

Cartesiano reducionista...

Considere uma mesa de bilhar. A maioria das pessoas consegue imaginar ainda a bola vai eplo menos antes da primeira batida na tabela. Com uma certa frequência um iniciante se surpreende com o sucesso de algumas jogadas nem tão profundamente planejadas. A medida que o jogador amadurece, assiste e joga essas "oportunidades fortuitas" deixam de existir, está tudo planejado, não há surpresas.
O universo funciona da mesma maneira, só que numa escala muito maior, com uma infindável quantidade de variáveis. Se você conhece o jogo, você conhece os resultados.

Mas ainda assim, tem oportunidades em que tudo que se quer é estar equivocado.

quinta-feira, abril 07, 2005

Eu adoro eventos sociais. Quero dizer eventos onde tenho oportunidade de reparar nas pessoas incognito!

Hoje por exemplo:

  • Aprendi muito sobre a exposição de um popular sobre o método de billings para controle de natalidade. Fora o comentário "Eu nunca usaria pílula, não tenho como exigir isso da minha esposa"!
  • Arranjei mais um motivo para querer ter logo 65 anos! Além de precisarem dormir pouco, (acho isso invejável, apesar de dormir ser muito bom...) ainda tem o direito de furar fila! Melhor ainda era a compreensão de uma outra popular que dizia que não gostava de muxiba: "Já estão todos com o pé na cova mesmo". No que redarguiu sua interlocutora: "Eu não, eu sou chegada num coroa".
  • Onde há oportunidade há gente para explorar. Pagar 4 real num formulário que custa 30 centavos por exemplo. Ou pagar 15 para ter alguém na fila para você. E economizar uma meia horinha...
  • Conversei com porteiros e outros populares. Todo mundo tem um conhecido que pode facilitar algum processo. Todos muy poderosos e influentes.
  • Vi as pessoas chegarem pra trabalhar de camiseta, para vê-las todas engravatadas nas repartições... Preguiça ou cuidado? Jamais saberemos...

Pessoas ainda são o melhor objeto de observação criado até hoje. Se não fosse ranço deixado por alguns verborreícos presidentes deste país eu até faria Ciências Sociais (ou anti-sociais, vai saber...Misantropologia!)

sábado, abril 02, 2005

Toda vez que eu vejo essas crianças birrentas dando showzinho e levando os pais pelo cabresto eu só me lembro do meu velho pai. Quando eu me comportava como um pequeno déspota mimado, querendo subjugar o mundo a minha vontade ele simplesmente dizia: "Menino não tem que querer nada".
Democracia demais atrapalha. Quero dizer, democracia é quando as pessoas escolhem por que estão perfeitamente cientes das consequências dos seus atos e do peso das decisões. Ou seja, excelente sistema para funcionar no papel. E depois ainda tem a coragem de dizer que, fora as supracitadas crianças e deficientes, apenas os silvícolas são relativamente incapazes...