domingo, dezembro 21, 2008

Afirmaria-lhes que a sorte não existe. Entretanto, com toda a sinceridade, não poderia afirma-lo como verdade em absoluto. Como homem esclarecido, independente e em plenas capacidades físicas, mentais e morais gostaria de afirma-lo, mas minha franqueza não o permite.
É evidente que a sorte favorece o mais bem preparado. Um cavaleiro inábil teria mais dificuldades em montar um cavalo arriado. Mas há circunstâncias em que estamos simplesmente nsob o jugo da deusa Fortuna. O desenlace final nos foge as capacidades e atos.
Deveriamos então nos entregar a tal força do destino? Evidente que não. O observador critico percebe com facilidade que tais eventos são assaz raros. Mesmo que encoberto aos olhos menos atentos, nossas circuntâncias são muito mais obras de nossa lavra do que de uma "conjunção astral desfavorável"...
Evidentemente um pouco de sorte não faz mal a ninguém. Mas não contei com o seu "bom espiríto" em todas as circuntâncias. A vida tem outros designios para a sua vida. E é melhor estar pronto. Fé cega, mas faca amolada.

sexta-feira, outubro 24, 2008

A curiosidade é das características humanas mais peculiares... Se não tivessemos curisosos com o mundo, talvez não tivessemos descido da árvore, talvez não tivessemos aprendido a lidar com o fogo. Essa mania de perguntar o por que, de explorar as coisas exigindo explicações convincentes. Não só sobre as coisas, mas sobre as pessoas e as circunstâncias. Não queremos saber pela utilidade somente, queremos saber por que queremos saber. Bisbilhotices, fofocas, espionagem de baixo e alto escalão. Não medimos esforços e custos. Queremos saber. Aparelhos quebrados, relações estremecidas, segurança abalada. Tudo em nome da verdade, ainda que de ocasião.
Somos curiosos mórbidos. Como o peralta que sobe ao alto do viaduto apenas para cuspir lá de cima na multidão que passa. Vai olhar até o último instante e ver o resultado de seus atos, ainda que isto lhe custe a fuga e a presunção de inocência. Não basta ter uma noção das coisas, queremos os fatos. Com riqueza de detalhes. Custe o que custar.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Para coroar uma vida bem vivida não deve haver nada melhor que morrer subitamente. Artérias que se rompem ou entopem, ritmos caóticos como a própria vida, estes sim nos salvarão.
Que Deus, (mesmo que o do acaso) não me permita definhar em uma cama. Nada mais indigno que lutar contra as inexoráveis forças do ocaso. Então sejamos breves.
Poder se arrempeder de todos os erros cometidos sem poder redimi-los. Mas talvez o orgulho possa morrer um pouco antes das forças. Por que a esperança é de fato uma senhora obstinada. Curai as dores da alma já que o corpo está perdido.

terça-feira, agosto 26, 2008

Pelas definições habituais eu sou pagão. Não que eu adore um bezerro de ouro ou similares, mas por não ser batizado, eu sou pagão. Me deram a opção de escolher e eu escolhi. Nada. Não me apeteceu até o momento me converter a nenhuma religião "oficialmente" reconhecida.
Digamos que fui educado entre os cristãos e me simpatizo com algumas de suas crenças. Mas não o suficiente para engrossar suas fileiras.
Ser pagão nem é assim tão ruim. Estive no vaticano, vi o Papa (o vivo e o morto), entrei na capela sistina e não queimei. Mas eu sou apenas pagão, não herege. Desconfio que eles também não queimariam. Um Ser com infinito poder e sabedoria não iria ficar fulminando criaturinhas insignificantes como nós só por que falamos ou fazemos alguma bobagenzinha. Enfim...
Mas os cristãos tem uma série de feriados religiosos. Natal, Páscoa, Corpus Christi... Eles até podem não saber o que estão celebrando, mas eles se aproveitam das festividades. E nós os pagãos, o que temos? O carnaval. De hoje em diante não trabalharei mais nesta data. Alegarei motivos religiosos.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Estamos entrando novamente naquele período pavoroso chamado eleições. Eu sei que na teoria é muito bonito, sulfrágio universal, o povo define os rumos do país e essa lenga-lenga congênere. Apesar de que "a nível de município" as coisas tendem a ser um pouco mais pessoais.
Mas o que quero discorrer é sobre a campanha eleitoral. Todos sabemos que precisamos conhecer nossos candidatos para que possamos escolher, efetivamente, nossos dirigentes. O que é que podemos aprender com esse mar de panfletos, essas muralhas da China de cartazes e pinturas, ou mesmo o hilário programa eleitoral gratuíto? Nada além de que nossos candidatos não estão preparados para exercer o que propõe.
Fico aqui lembrando os gregos... O cidadão para ser representante na polis tinha alguns pré-requisitos, um deles era de ter seus problemas domésticos resolvidos. Motivo simples. Com seus problemas domésticos resolvidos, a tentação de misturar o público ao privado era menor. Não custa também lembrar que na Grécia antiga, voto era privilégio de alguns...
Pois pois... O que vejo é que a carreira pública virou uma espécie de "investimento". Com o fim das ideologias (houveram?), quem estaria disposto a investir tanto se não acreditasse em algum retorno?

sexta-feira, agosto 01, 2008

A vida é engraçada. Bom, aí depende de como você se relaciona com ela... Dizem que ela é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem... Eu sempre fui meio aparvalhado emocionalmente. Ou pelo menos é isto que eu alego.
Revendo minha trajetória posso dizer muita coisa. Menos que estou perseguindo meus sonhos. Mas sejamos sinceros... Eu não tenho sonhos, no sentido literal da palavra. Nunca quis comandar nada, nem ser reconhecido na rua ou muito menos ter mais dinheiro do que minha imaginação pudesse conseguir gastar. É claro que todos queremos ser amados e respeitados, mas isso nem é tão dificil, desde que você consiga perceber as pessoas. No fundo eu sou movido por uma espécie de obrigação moral de ser útil e uma curiosidade geral e diversificada. Tenho muito mais interesse em estudar (lato sensu) todas as coisas do que me tornar um especialista em algumas delas. Assim justifico minha falta de disciplina...
Quando crinça lembro de ter dito que queria ser bombeiro. Ninguém levou muito a sério. Muitos anos depois , na roleta russa da escolha profissional optei por fazer física. Imagine só. Provavelmente estaria hoje trancafiado em algum lugar, vivendo em um universo paralelo. Mas acabei me tornando médico. Intensivista. Trancafiado em um lugar qualquer, vigilante pelos que ameaçam partir. Uma especie de Caronte, só permitindo a travessia daqueles que já pagaram seu preço e cumprido seus rituais.
O fato é que outro momento de virada se aproxima, e eu não tenho a mínima idéia do que quero. Espero que aconteça como de costume, que o "acaso" me salve.

quinta-feira, julho 31, 2008

As vezes me pego pensando no que vai ser da minha vida. Não faço a menor idéia de como conduzi-la em certas circunstâncias. Mas então me recordo de todas as coisas importantes que escolhi de fato. Nada.
Viver é mais ou menos como se afogar... Enquanto você está se debatendo, envolto naquela angustia inevitável, tentando em vão sobreviver aquele martírio, as coisas não tem solução. Mas uma hora, exausto, o corpo se entrega, compreeendendo a inutilidade da faina furiosa. Aí então transcende-se e o que resta é paz.

sexta-feira, julho 25, 2008

Se você quiser realmente destruir a vida de alguém e puder contar com a magia, mate a paixão pela vida. Não estou falando de suicidio e do desejo de morte. Estou falando do desejo de continuar, de ver o amanhã, de sentir que o tempo não passa em vão. Ou não sentir o tempo. O tempo certamente é a única coisa de que dispomos, nossa única moeda de troca.
Tempo é opção, ainda que não sejam muitas.
A vida tem o sentido que damos a ela. Estar a deriva não é tanto a questão se não temos para onde ir.
A existência é como uma ampulheta. podemos encara-la com a areia que já fluiu, as coisas findas. Ou como a areia que ainda descerá para a câmara inferior, as coisas vindouras. Ou talvez o segredo seja se ater à areia que não está no porvir nem do preterido, mas em sua tênue e percepitível transformação.
Carpe Diem!