quarta-feira, setembro 09, 2009

Memória. O elo de eu entre ontem e hoje. A garantia de ir para a cama uma pessoa e acordar a continuidade dela. Lembrar não é apenas isto, mas reviver. Dizem que o tal inconciente não sabe distinguir o tempo...
Mas a danada, sendo uma característica humana, está longe de infalível. Todos nós, se pressionados por quaisquer circuntâncias, completamos as lacunas com uma boa dose de imaginação. Há de se proteger a integridade do ego... Não estamos concientemente floreando, estamos apenas dando uma sequência razoável à nossa interpretação dos fatos. Mentimos, mas mentimos com sinceridade.
Alguém uma vez disse que o tempo adoça as lembranças. É a mais pura verdade. Nas palavras de Drummond:

Memória

"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."

E afinal o que é melhor? A dura realidade sem maquiagem ou uma séries de lembranças mais ou menos verídicas de um passado já ido e cheio de significados? O bom tem de ser verdadeiro, mas ele também tem de ser útil.