sexta-feira, junho 30, 2006

Das minhas longas e esporádicas batalhas com varais de roupa, aprendi que o primeiro varal é relutante. Se esforça de todas as maneiras em me frustrar os intentos. Buchas e parafusos que não seguram, cordas que se recusam a compartilhar comprimentos, nós que se desfazem como que por magia...
O segundo varal entretanto, vendo toda aquela vã faina, compreende que todo esforço é inútil, e se entrega docemente a seu destino.

terça-feira, junho 27, 2006

Tem dias que me pego pensando no passado. As coisas que acreditei, as pessoas que acreditei, as coias que tive de viver e sobreviver... Tanta coisa mudou, tanta coisa desmoronou... E outras surgiram no lugar, meio tímidas e temerosas, mas resolutas.
Mas o vazio permanece, a sede permanece, sempre me lembrando que o mundo pode mudar de aparência, mas as verdadeiras questões continuam.

segunda-feira, junho 26, 2006

Limbo. Segundo a tradição cristã, é o lugar onde as almas que não pecaram, mas não foram batizadas vão parar. São basicamente dois possibilidades... Crianças que morrem muito precocemente ou pessoas que nasceram antes de Cristo, e portanto não puderam "aceitá-lo".
O raciocínio é simples. Não merecem o inferno, mas não cumprem o protocolo para vislumbrar o paraíso. Então ficam ali na meiuca, meio perdidos naquela terra de ninguém, nas frestas das leis celestiais...

terça-feira, junho 20, 2006

Então resolveram ressucitar a Unilar, a feira de "utilidades" domésticas. Andava sumida uns anos, parece que caiu na mesmice. Me juntei a meu irmão, outro entusiasta dos avanços da modernidade em sua casa, e fomos conferir a nova edição.
Já na porta uma especie de exposição de paisagismo... Esses jardins modernos de pedra, vai entender... Ao entrar no pavilhão, móveis! Coisas do bom e do mal gosto, mas de preço sempre "fino". Mais alguns estandes adiante, uma espécie de bazar de roupas e acessórios. Lojas de acabamento, azulejos... Até que enfim a velha Unilar se manifestou em seu completo esplendor: Estandes vendendo raladores de vegetais milagrosos, santos Grills, rodos mágicos, rodinhos magnéticos e toda sorte de produtos que me lembram saudosamente o início dos canais de compra... Mas não há nada inovador, as quinquilharias continuam as mesmas. Compro dois rodinhos magnéticos, um para uso pessoal, outro para realização de uma dona de casa convicta, e rumo em direção a saída. Posso passar mais dez anos sem Unilar.

domingo, junho 18, 2006

Eu até acho tolerável que tudo que se veja na televisão, nas ruas e outros ajuntamentos sociais em época de copa do mundo se refira ao futebol. Afinal, lidando com paixão como esta, histeria como esta, nada mais natural que ao tentar convencer alguém de comprar algo que ela não realmente precisa , remeter aos seus apetites mais vorazes, parece uma estratégia bem viável. É jogo baixo, mas o comércio nunca foi o reino da ética mesmo...
O que eu acho insuportável de fato é como qualquer assunto, por mais sério que seja, fique aí cheio de comentários e expressões do futebol.

sexta-feira, junho 09, 2006

Homo habilis

O homo habilis foi um ancestral humano já extinto conhecido por ter sido o primeiro a usar ferramentas de pedra lascada, de onde deriva seu nome.
A espécie humana, apesar da relativa fragilidade, conseguiu dominar todo o globo graças ao seu suposto intelecto superior e o tal do polegar opositor. Simplesmente porque conseguiu criar ferramentas que supriam suas muitas deficiências.
Mas no fundo no fundo ainda somos muito homo habilis. Talvez as fêmeas da espécie não compreendam, mas as ferramentas ainda tem um fascínio real sobre os machos. O verdadeiro macho homo habilis não só tem de ter as suas próprias ferramentas, mas ele tem de escolhê-las a dedo. Afinal é através delas que ele curvará o mundo sob sua vontade. Embora precise de poucas ferramentas para o uso corriqueiro, ele sempre vai ter um brilho no olhar enquanto admira uma furadeira nova. O homo habilis também despreza outros "machos" que não tem suas próprias ferramentas e não consegue manter sua "toca" em ordem, podendo inclusive considera-los efeminados. Mas não recusa ajudar e sente-se satisfeito em trazer as coisas ao normal, mesmo que isto lhe custe muitas horas de trabalho. Sendo obstinado, jamais largará um projeto enquanto não lhe estiver a contento.
O homo habilis prefere o trabalho solitário, mas se a tarefa é grande verdadeiros bandos barulhentos podem ser vistos abordando o problema.
Embora se sinta apto a realizar qualquer tarefa, muitas vezes é obrigado a reconhecer suas fraquezas e pedir ajuda. Invariavelmente tarde demais.

sábado, junho 03, 2006

Negatoando pela cidade não posso deixar de reparar na quantidade de bares e congêneres tocando samba. Mas é samba mesmo! Não essa porcariada prestigiada pela "grande" mídia. Cheguei a ficar a vontade em uma grande festa aqui dessas plagas, nem precisei fingir, era música do meu agrado! Coisas que eu tenho ou queria ter em casa.
O fato é que, com grande constrangimento, devo admitir que estou na moda...