domingo, dezembro 25, 2022

Não há nada de novo debaixo do sol. Assim, a bíblia judaica nos diz essa obviedade. Presos a fisiologia e a psicologia, que moldam a cultura.

Tive uma professora de literatura que dizia ( e eu  copio aqui... afinal estamos mesmo condenados...) que original só mesmo a serpente. De lá para cá, só estamos repetindo seus argumentos com um toque, dito,  pessoal.

Então chegamos todos a este "lugar comum", fonte onde todos nós bebemos e ainda sim nos achamos especiais.

A medida que nos aprofundamos nos mistérios e ampliamos nossas referencias é que vemos como  ser criativo e original é muito difícil.  Alguns só tem fontes mais obscuras.

Mas a natureza gosta de regularidade. Veja por exemplo  o principio de Pareto, ou o principio 80/20 que diz que para 80% dos fenômenos, há apenas 20% de agentes. Funciona com a estrutura fundiária, funciona com a produtividade de ervilhas.

A física quântica postula que tudo cuja probabilidade não é zero, irá acontecer, desde que você tenha tempo suficiente. Mas ainda assim as possibilidades são incontáveis, mas não são infinitas e em algum momento as coisas se repetirão. Até o universo tem de respeitar algumas leis, como conservação de massa e energia.

Em última análise a vida é apenas repetição, mas este também não é um argumento original. O Samsara por exemplo e seus ciclos contínuos e obrigatórios. Ou as dialéticas e seus argumentos circulares, sempre na esperança de chegar a um ponto mais alto na compreensão da realidade.

Mas uma questão permanece. Estamos todos presos a inevitabilidade da repetição? Ou mais importante: Isto importa? Apesar das possibilidades finitas, elas são muito maiores que qualquer um de nós. Então deixe a vaidade de lado e Carpe diem, mesmo que em caminhos já trilhados. Somo todos pequenos breves e insignificantes para ficar cobrando coisas do universo.

sexta-feira, dezembro 02, 2022

 Sísifo. Da mitologia grega, talvez o exemplo mais emblemático da humanidade. Em uma época onde os deuses eram muitos, vaidosos e imperfeitos, fê-lo de tolos em algumas ocasiões. Enganou a morte em mais de uma ocasião, mas não pode escapar seu destino de mortal.

Foi então punido com o que seja talvez, a melhor metáfora da condição humana. Foi considerado rebelde e condenado a levar um rochedo morro acima, apenas para que ele role morro abaixo e o trabalho recomece infinitamente. Este é sem dúvida um trabalho repetitivo, inútil, fútil e impossível. Castigo talvez apenas rivalizado pelo de Aracne, que tento mais talento que os deuses, foi condenado a tecer de forma vazia e sem significado.

Afinal, não somos todos Sísifos? Condenados a uma rotina massacrante por nossa recusa em aceitar um destino sem brilho ou sentido pela vaidade e tolice de outras criaturas imperfeitas? Mesmo que tais criaturas sejam nós mesmos.

terça-feira, setembro 06, 2022

 Vinte e um anos se passaram. Algo me traz de volta a este lugar. Muitas coisas aconteceram. Entretanto releio algumas das bobagens que escrevi. Temas recorrentes, problemas não resolvidos. Sinto-me repetitivo, histórias manjadas, "insights" reciclados.

Samsara, o eterno retorno. Dialética. A esperança de voltar ao ponto, mas em uma fase mais amadurecida. Espiral ascendente, espero.

Por que escrever?  Vaidade de ser lido e reconhecido?  Oportunidade de organizar as circunstâncias em versões palatáveis e justificar suas escolhas e consequências?

Vanitas vanitatum, est omnia vanitatum