terça-feira, março 29, 2005

Engraço ver coisas de dez anos atrás. Achei meu passaporte antigo. Lá está minha foto da época. Parecia um ratinho faminto. Magricelo e orelhudo. Bem, orelhudo eu continuo. E pelo jeito vou voltando a magricelo. E a mesma expressão indiferente e impenetrável. Blasé, diriam alguns.
Mas não sou indiferente. Sou o mesmo rapazinho de 10 anos atrás. Tímido e triste.

sexta-feira, março 25, 2005

Religare

Como definir minha religião? Quando nasci meu pai (metodista) e minha mãe (católica não lá muito praticante...) optaram em não tornar-me nem uma coisa nem outra. E assim me deixaram livre para optar. Percebendo toda essa sabedoria desta decisão, embora só muito mais tarde, assim permaneço. Tive uma educação jesuítica, frequentei (ainda que incipiente...) a escola dominical, aprendi bastante sobre os simbolismos dos rituais católicos, me identifico com o zen (que quer dizer meditação) mas não acho muita graça no resto do budismo (só na parte nihilista). Tive meus parcos e rasos estudos do "ocultismo", e acho muito interessante suas simbologias (símbolos, símbolos... O homem é um animals simbólico... Uma besta quadrada simbólica...) , mas não me interesso com os "mistérios" transcendentes. Gosto mais dos reais...
E continuo sem saber de nada.

Isto me faz o que? Um homem livre, uma ovelha perdida, um pagão ou uma pessoa absolutamente normal?

Palavras...

terça-feira, março 22, 2005

De quando em vez sou obrigado a descer da minha torre de marfim e ver o mundo. Tarefa alías que me agrada muito, pessoas são divertidas de serem observadas.
Bem, estou em processo de renovação de passaporte e isto requer um complexo e delicado ritual social. Provar isto, provar aquilo, assinar aquilo outro, mostar mais aquilo... Uma maratona de papel, bem digna do dito mundo moderno.
Neste ritual estão as fotos 5x7, de paletó e fundo branco, com data. Me contive para não ir de bermuda. Lá chegando a mocinha me avisou: Sua barba do jeito que está vai marcar a fotografia. Pensei nos tempos em que eu realmente tinha de estar de barba impecável, calculei a chance de causar algum incidente diplomático internacional com o fato e dei de ombros.
E esperei e espreitei. Lá no espalho um rapagote fazia caras e bocas, ajeitava o cabelinho incansávelmente. Pelo jeito tinha de estar irrepreensível. Ao meu lado um outro com a mamãe: Ai mãe, eu quero foto com retoque! E correu para o caixa para pagar a diferença. O que a natureza castiga, o photoshop conserta.
Entrei para a cabine, me controlei para fazer uma cara neutra e manter o alinhamento. Também não precisa esculhambar tanto. Ainda bem que me contaram que passaporte é assim. Levou os documentos, está tudo correto, docuemnto emitido. Tenho que aproveitar, vai que esses malucos que ficam aí tentando melhorar a imagem do país no exterior instauram um patrulha estética na polícia federal... Só saio daqui fugido...

domingo, março 20, 2005

Assimetrias

Muita gente tem uma certa crença na simetria do universo. Vendo o mundo como dicotomia (bem/mal, claro/escuro, masculino/feminino...) é muito natural imaginar que todos estes opostos estão é harmonia. E dá-lhe yin-yang...
Mas para o observador atento é nitida a "desarmonia". Sua mão direita não é igual a sua mão esquerda. Há mais mulheres no mundo que homens (adeus também a teoria do chinelo/pé torto... Salve é claro as opções "alternativas"...). A terra não é redonda (nem plana...), mas achatada nos polos. O zero absoluto da temperatura está em -273o C e o máximo muito além e vivemos confortavelmente aí pelos 30oC. A matéria é composta de átomos e estes de prótons (massa e carga), neutrons (massa sem carga) e elétrons (carga sem massa)... Isso sem contar os quarks da vida...
Mas apesar deste "imbalanço" o mundo continua funcionando até que bem. Talvez a perfeição "matemática", não seja afinal a perfeição reinante.

E viva o caos.

quinta-feira, março 17, 2005

Ai que saudades das minhas certezas, das minhas soluções simples e práticas, da clareza com que o mundo se apresentava...

Política? Tirava de letra. Futebol? Resolvia tudo. Religião? Tudo simples! E ainda me sobrava sapiência para opinar sobre a vida alheia.

Veja só como estou hoje... Nem sei dizer mais se sou direita ou esquerda! Trevas, trevas, trevas...
E eu nem sei se quero ver essa tal de luz.

Só me resta meu retiro. Nenhum conhecimento é possível.

quarta-feira, março 16, 2005

Há de se refrear os desejos... Pelo bem geral! Se todos vivessemos ao bel prazer, em breve morreríamos todos a míngua. Mas que glorioso seria viver por uma breve semana enebriados pelas paixões mundanas, por que se o fizessemos por mais tempo, certamente seriamos consumidos pela miséria e pela praga. Ou pela loucura...

Tentamos criar ordem em meio ao caos...

segunda-feira, março 14, 2005

Veja o caso da água. Sempre vai onde é mais fácil, morro abaixo. Tens um obstáculo no caminho? Nada de pegar de frente, vamos contornando, infiltrando e lentamente corroendo, até chegar ao objetivo. Mas quando tem força suficiente...

Não somos todos um pouco assim? Afinal ficar dando de testa na mesma pedra, sabendo que ela não vai se mexer... Pena que não temos pra sempre, talvez ela cedesse...

Viver é teimar.

quinta-feira, março 10, 2005

O Barreiro tem algumas coisas singulares... Por exemplo, uma das mais belas vistas da Serra do Curral.

Pena que as casinhas avançam morro acima...

segunda-feira, março 07, 2005

Nada como um dia de trabalho quase estafante para espantar as macacoas.

Saudade é coisa de gente desocupada. Mas como doí.

domingo, março 06, 2005

Há muito o que dizer, mas as palavras parecem vãs.

Algumas verdades são tão óbvias que dificilmente conseguimos assumi-las e honrá-las.

Ou pode ser que não. Elas são verdades apenas por que resolvemos elegê-las como tal...

Nenhum conhecimento é possível, mas a vida clama por atos.

E aí? Vai deixar o terror das possibilidades te paralizar ou vai esboçar uma reação?

sábado, março 05, 2005

Pois é... Ando melancólico... Podia por letra de músicas, reclamar da vida, chorar a morte da bezerra... Mas vou só por uma tirinha...

sexta-feira, março 04, 2005

Essa deve ser a mais longa série de quartas-feiras da minha vida.

Mondo bizarro...

quinta-feira, março 03, 2005

Não há amanhã, só hoje. O que deixou de ser vivido hoje, para sempre está perdido.

Como e continuo faminto, bebo e continuo sedento. Mas o tempo é tão breve e o mundo tão grande...

Tão curta a vida, tão longa a arte.

Escolhas...

quarta-feira, março 02, 2005

Metáforas...

Há algo de sublime nas metáforas. Aquela capacidade de dizer e ficar não dito, aquele misterioso suspense em quem lê e não sabe ao certo o que pensar. Ela obriga o leitor a refletir!
Ela me parece com aquelas situações em que um moleque menor, que sempre apanha, indignado e impotente, resolve ofender seu agressor com a primeira palavra estranha que encontra. -Seu javardo! E o javardo fica ali estupefato, sem saber o que dizer ou pensar. Ofender sem ofender é uma espécie de glória pessoal. Mas a metáfora não é sobre isso. É apenas um uso, não muito nobre.
Metáfora é isso, falar sobre plantas, mas dizer sobre a vida, investigar mais a fundo o mistério. Insondável mistério... É libertar-se do comum, é transcender e compreender que tudo pode nos ensinar alguma coisa.