domingo, fevereiro 25, 2024

 O que acontece quando " a ultima luz se apaga"? A resposta óbvia é que o corpo se desfaz e retorna ao pó. Salvo se for mumificado, saponificado ou congelado.  Então o corpo vira um tesouro para a ciência ou a religião.

Mas o corpo é de mais interesse dos vermes, abutres e chacais. Afinal, o que aconteceu com o homem preso aquela carcaça?

A primeira divergência, vem da dúvida da existência da alma, ou algo que transcende a existência material. Para alguns, acabou-se o corpo e seus ilusões eletroquímicas, acabou-se a existência. Para outros há algo imaterial que dá continuidade á existência.

Dos "imaterialistas" há dois tipos básicos: Existências carnais únicas ou múltiplas.  Mas no final das contas com o mesmo objetivo, cumprir certos pré-requisitos, para ser considerado justo e merecer o retorno a algum "paraíso perdido".  Os critérios variam... fé, boas ações, feitos heroicos, desprendimento material, compreensão da realidade...

No geral há alguma forma de julgamento seja no  post mortem imediato ou em algum momento do Juízo Final, uma espécie de tribunal dos final dos tempos. Por vezes o tribunal é composto por criaturas místicas, por vezes o processo é mais pessoal e discreto.

O paraíso recebeu vário nomes: Valhala dos Vikings, campos Elísios dos Gregos, o Jardim do Éden judaico-cristão, o campo de Juncos (Aaru) egípcio, ou o nirvana  Budista. Nem todos se referem a lugares mas as vezes a estados de libertação do mundo físico.

Há também locais/situações de castigo, embora nem todos sejam definitivos. há nosso conhecido inferno, o purgatório,  o Sheol, Gehenna, o tártaro, Helheim, Irkalla o Umbral e o sansara. Nem todos são definitivos e as  e as punições variam. Por vezes é só um lugar para aguardar julgamento, por vezes um local de purificação e mortificação até o merecimento. Pandora e sua caixinha,  e nossa eterna esperança que podemos ser salvos...

A teologia cristão nos brinda ainda com uma instância ainda mais curiosa... o limbo. Como podem ser condenados aqueles que não tiveram oportunidade de cumprir os requisitos? Se aplica a crianças natimortas e virtuosos poetas pré-cristãos. Injusto o inferno, mas sem critérios para o paraíso. Aí temos o limbo, uma espécie de lugar nenhum. Ah a teologia.... criando soluções engenhosas para problemas que não existem...

O que eu acredito? Como cético pirronista, em nada e em tudo. Mas tenho esperança que os materialistas ou os hindus estejam certos.  Que a existência se desfaça em nada ou se dissolva no supremo absoluto, dando um basta nessa babojada material.


segunda-feira, fevereiro 12, 2024

Em uma antiguidade nem tão remota, em um tempo que não havíamos poluído tanto nosso mundo e nossa mente, éramos mais capazes de enxergar além de nós mesmos. Sabemos muito mais sobre o mundo físico é evidente, me pareça que permanecemos tão ou mais absortos do que então nestas questões mais sutis e possivelmente mais cruciais.
Nunca fomos muito afeitos a escuridão e ao silêncio. Medo do que não pode ver ou ouvir? Ou de estar só consigo mesmo? Mas o fato é que a noite não é tão escura nem tão silenciosa. Você pode até aprender uma lição ou outra se você não permitir que seus demônios tomem conta. Há coisas esquecidas e desvalorizadas, como o vento, as folhas, a agua corrente ou caindo, animais e quem sabe o seu próprio coração batendo. Estranhos nos nossos próprios corpos...
Destas coisas,  considero o céu noturno das mais negligenciadas.  Nossos céus e nossos egos andam muito iluminados. Olhar para o céu é perda de tempo, melhor olhar para nosso umbigos. Mas o céu está e sempre esteve lá. Gigantesco, impávido e regularmente mutável, mas sempre com algumas surpresas para os olhos atentos. O céu nos mostrou caminhos, ensinou sobre ciclos e ritmos, inspirou histórias e nós mostrou nosso lugar insignificante no mundo.
Ainda sobre o céu e seu escuridão, termos a estrela D'alva, ou estrela da manhã.  É o planeta Vênus, terceiro objeto mais brilhante do céu, que ao "nascer" no ocidente prenuncia, de maneira clara, o alvorecer. Não importa quão escura foi a noite, um novo dia está a caminho.