sexta-feira, setembro 16, 2005

Eu sou um escravo da Razão. E como sabem Dona Razão é uma senhora rígida! E Sinhá é muito ocupada, vive viajando por seus domínios. Nas suas raras visitas me esforço em prestar atenção e entender suas ordens. Nos primeiros dias vamos bem, aí as coisas vão ficando confusas, sabe como é... O corpo é forte, o juízo é fraco e os apetites, vorazes...

quinta-feira, setembro 15, 2005

Diário de um piqueteiro

Desde que comecei a bater cartão estou caminhando a passos largos rumo a revolta proletária. Hoje por exemplo, investi minha tarde manifestando minha indignação com o desrespeito ao meu trabalho, lutando pela valorização e pela dignificação do mesmo.
Marcaram de reunirmos na porta da Santa Casa e algumas horas depois do combinado já tinhamos massa suficiente para obrigar os trauseuntes a ter de andar na rua. Com alguma hesitação, iniciamos a marcha. Para onde? gritava a turba indignada. Para as clínicas! E lá ia o cordão... Mas primeiro esperamos o sinal de pedestre abrir. E assim fomos, apitando, mostrando faixas com nossas demandas e principalmente, respeitando as leis de trânsito... E assim fomos fazendo o circuito dos hospitais, chamando os colegas para a luta. E evitando ser atrapelado pelo trânsito pesado da Alfredo Balena. E nada de imprensa... Sugeri queimarmos uns pneus, outros queriam apredejar umas janelas... Mas no fim ficamos só nos apitos e faixas. Alguns populares se juntaram a marcha, até me lembrou a marcha final de "O Grande Mentecapto". Chegamos ao CRM e ficamos ali fazendo barulho na Afonso Pena. Um mais inflamado subiu num caixote e proferiu um discurso, configurou-se o ato. Alguém deu uma idéia "Quel tal uma cerveja"? E o movimento tomou novos rumos.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Acho que uma das coisas mais importantes é saber diferenciar preço de valor. Sei que muitas pessoas se vangloriam de suas grandes propriedades, de suas fortunas e de seus bens. Para isto eu não tenho a menor paciência. Aprendi com meu pai que o dinheiro só tem valor por que custou a alguém tempo e esforço. O valor das coisas está em grande parte no que é necessário para obtê-las. Meu avô costuma dizer que quem trabalha não tem como ficar rico, apenas se fica rico por meios ilícitos ou explorando o trabalho alheio... (o que certa forma é considerado por alguns de roubo... Dá-lhe Marx...)
Experimente toda vez que estiver balançado a comprar alguma coisa não essencial, em converter o preço em horas trabalhadas... É só ver se valeu a pena.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Certa feita perguntaram a Platão o que era o homem. No que o filósofo retorquiu: "O homem é um bipede implume". E, essencialmente, ele está certo. Mas um espertinho reretorquiu: "Então um frango resfriado também é um homem"! Eis aí o problema dos modelos e definições. Como tornar algo tão óbvio em palavras? Modelos e definições são utéis apenas em contextos muito específicos...

sexta-feira, setembro 02, 2005

Quando estive em Roma, além de ver o Papa é claro, vi muitas das coisas que todo turista deveria ver. Em piazza Navona, Roma me sorriu e me ofereceu um euro. Dizem que achar dinheiro é sinal de sorte... Quando cheguei em Fontana de Trevi, devolvi a gentileza. De costas para a fonte, pensei em algo que merecesse um desejo sincero e de volta a Roma o euro foi. Uma contribuição e tanto, já que a fonte estava coalhada de moedinhas muito menos nobres...
Eu não acredito em fontes, desejos, favores de santos, cílios no sutiã e essa sorte de crendices. Mas todo oportunidade em que me vejo frente a um destes eventos, nunca desejo nada para mim. Penso em alguém em que me importo e gasto a minha ficha. Há algo de profundamente imoral em um adulto saudável, gozando de perfeito juízo mental se fiar no sobrenatural para ser feliz.