quinta-feira, junho 09, 2005

Uma das minhas poucas lembranças da infância eram meus retornos do colégio. Sempre voltava meio enjoado, com dor de cabeça. Como adorava os balanços e suas correntes de ferro, sempre associei a naúsea ao cheiro metálico das correntes nas minhas mãos. Era diário, entrava no carro, andava dois quarteirões e começava tudo de novo.
Muito mais tarde fui me diagnosticar com "Vertigem parosxística benigna" também denominada por alguns como "cinetose". É muito mais naúsea do que vertigem, mas como o culpado é o vestíbulo, ficou com este nome. O vestíbulo é uma pecinha do ouvido interno, composta por três canais semicirculares, mais ou menos perpendiculares entre si para contemplar as três dimensões do espaço físico, recobertos internamente por cílios e preenchidos por um líquido. Sua função, além de produzir tonteira, é perceber os deslocamentos da cabeça. Desconfio que como automóveis não estavam nos planos originais do aparelho, algumas pessoas tem uma sensibilidade aumentada aos deslocamentos, gerando o nosso supracitado quadro.
Por mais estranho que possa parecer, isto só acontece quando estou de passageiro, nunca de motorista... Parece ter algo a ver com outros estímulos que inibem as frescuras do meu vestíbulo.
Como ando só a maior parte do tempo, passo anos sem lembrar que tenho mais este leve defeito de fabricação.

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